JOÃO LUÍS BARRETO GUIMARÃES, Você está Aqui / Tu sei qui* (Traduzione di Chiara De Luca)


Cerveja & remorsos

Os dias: deposito-os na pele. Deus (ou
qualquer coisa por Ele) está com certeza
por trás desta tarde de domingo (o
Verão chegando ao fim imenso
em seus labirintos)
acautelamos derrotas milímetro a
milímetro. Por vezes
(mais distraídos) somos
tecnicamente felizes
abrindo nozes ao meio (quais cirurgiões das meninges)
desenrrolando croissants à procura
do infinito. Mas
sabes quando sabe
a derrota apesar de ter vencido?
Não se vence por inteiro quando o
tempo é o inimigo.

 

 

Birra & rimorsi

I giorni: li depongo sulla pelle. Dio (o
chi per Lui) è certamente
dietro questo pomeriggio di domenica
(l’estate che arriva alla fine immensa
nei suoi labirinti)
preveniamo sconfitte millimetro per
millimetro. A volte
(più distratti) siamo
tecnicamente felici
aprendo noci a metà (come chirurghi delle meningi)
srotolando croissants alla ricerca
dell’infinito. Ma
sai quando si sa
la sconfitta a prescindere dalla vittoria?
Non si vince del tutto quando il
il nemico è il tempo.

 

 

Anatomia do belo

                                     ao Jorge Sousa Braga

Em Veneza
seria gato. Por certo não entraria
em San Marco de vaporetto (pela Páscoa
o doge vinha visitar pessoalmente
noviças
beneditinas). Mas são deles as ruelas do
gueto de Cannaregio onde o belo é simetria
e o tempo:
duração. Pode-se perder tudo em Veneza
(uma vida um
amigo o
último barco para o Lido) só não
se perde a beleza que o diga este felino
que me incendiou a alma
(mais que um trago de Bellini
uma taça de Bardolino) e
me devolveu a certeza de que a
perecível beleza por uma vez
foi palpável.

 

 

Anatomia del bello

                                          a Jorge Sousa Braga

A Venezia
sarei gatto. Certo non entrerei
in San Marco col vaporetto (per Pasqua
il Doge in persona veniva a trovare
le novizie
benedettine). Ma sono loro i vicoli del
ghetto di Cannaregio dove il bello è simmetria
e il tempo:
durata. Tutto si può perdere a Venezia
(una vita un
amico o
l’ultimo traghetto per il Lido) solo non
si perde la bellezza che lo dica questo felino
che m’incendiò l’anima
(più di un sorso di Bellini
una coppa di Bardolino) e
mi restituì la certezza che la
peritura bellezza per una volta
fu palpabile.

 

 

Nasjonalgalleriet

Acerca da solidão não se enganaram
os velhos Mestres (quão bem entenderam a
condição humana) como está presente
enquanto outros festejam ou se abraçam ou simplesmente
conversam
entre si. Como (ante
a solidão) deve sempre haver alguém
que não queria especialmente que acontecesse.
Nunca esqueceram que a mais terrível solidão
tem uma geografia (um quarto abandonado
onde conversa sozinha ou isolada de tantos
no imo da multidão).
No Grito de Munch por exemplo:
a ponte é obliqua como o medo. Os dois
amigos até podem não ter escutado o grito
mas tal não é determinante –
o céu em tumulto assistiu à angústia
da boca aberta (as
mãos cerrando os ouvidos ao grito essencial) e
sobre o fiorde azul deu-se algo de extraordinário:
o grito chegou a acender-se mas
não se desfez em som.

 

 

Nasjonalgalleriet

Sulla solitudine non s’ingannarono
i vecchi Maestri (che ben compresero la
condizione umana) come sia presente
mentre altri festeggiano o si abbracciano o semplicemente
conversano
tra loro. Come (davanti
alla solitudine) ci sia sempre qualcuno
che non vorrebbe fortemente che avvenisse.
Mai scordarono che la più terribile solitudine
ha una geografia (una stanza abbandonata
dove conversa da sola o isolata da tanti
nel fondo della moltitudine).
Nel Grido di Munch per esempio:
il ponte è obliquo come la paura. I due
amici forse non hanno ascoltato il grido
ma questo non è determinante –
il cielo in tumulto ha assistito all’angoscia
della bocca aperta (le
mani chiudono le orecchie al grido essenziale) e
sul fiordo azzurro capita qualcosa di straordinario:
il grido è riuscito ad accendersi ma
non si è sfatto in suono.

 

 

Investigações sobre o poder

Em certas noites os homens rumam
a um canto da sala para cotejar
seus feitos. Um simpósio de insatisfeitos.
Com o gesto ominoso da
combustão do tabaco vão esgrimindo argumentos
atentos à porta aberta (àquele
degrau oferecido que ainda
possam subir). É o carnaval do poder
em seu
pequeno esplendor (os vencedores vindimando
a colheita dos vencidos
comentando com desdém os pobres
trabalhos de Sísifo).
Espio a cena de longe. Não
bebo não jogo e esta noite (a
ter de desconversar)
prefiro falar de mulheres.
É muito menos obsceno.

 

 

Indagine sul potere

In certe notti gli uomini si dirigono
in un angolo della sala per confrontare
le loro imprese. Un simposio d’insoddisfatti.
Con il gesto ominoso della
combustione del tabacco brandiscono argomenti
attenti alla porta aperta (a quel
gradino offerto perché ancora
possano uscire). È il carnevale del potere
nel suo
piccolo splendore (i vincitori a vendemmiare
il raccolto dei vinti
commentando con sdegno le misere
fatiche di Sisifo).
Spio la scena da lontano. Non
bevo non gioco e stanotte (a
dover smettere di conversare)
preferisco parlare di donne.
È molto meno osceno.

 

 

Morte anónima

in memoriam Alberto Garrido

De quando em quando a Morte teima em
noa surpreender. Sem grande alarido
é certo (sequer sem se anunciar) antes
súbita e precisa
lacónica
indiferente. Mas sempre ela
a Morte
(crua e definitiva) como que
querendo mostrar inexorabilidade –
nem sempre a morte imortal que coube a Pátroclo
(entregando-se em glória à
espada do divino Heitor) ou
a que colheu Heitor arrastado por Aquiles
(sequer a que teve Aquiles na
ponta da seta de Páris). Falo de
uma morte simples mais
humana
(sem história) estranho que
nos morra mais quem morre de
morte anónima.

 

 

Morte anonima

in memoriam Alberto Garrido

Di tanto in tanto la Morte si ostina a
sorprenderci. Senza grande clamore
è vero (senza neppure avvisare) anzi
repentina e precisa
laconica
indifferente. Ma sempre lei
la Morte
(cruda e definitiva) come se
volesse mostrare inesorabilità –
e non è sempre la morte immortale che spettò a Patroclo
(consegnandosi in gloria alla
spada del divino Ettore) o
quella che colse Ettore trascinato da Achille
(neppure quella che Achille trovò sulla
punta della freccia di Paride). Parlo di
una morte semplice ma
umana
(senza storia) strano che
ci muoia di più chi muore di
morte anonima.

* Dal volume pubblicato da Editora Quetzal (Libona, 2013). Un edizione bilingue è in preparazione per Edizioni Kolibris con la traduzione di Chiara De Luca.


Biografia di Barreto Guimarães


 

/ 5
Grazie per aver votato!

Lascia un commento

Il tuo indirizzo email non sarà pubblicato. I campi obbligatori sono contrassegnati *

Questo sito usa Akismet per ridurre lo spam. Scopri come i tuoi dati vengono elaborati.